SECOLI FASHION SHOW 2024
diacronias | cenas do tempo
Olhar para o presente para estar no seu tempo; dominar o passado para melhor compreender o hoje, dando vida a novos conhecimentos.
O tempo adquire valor na reelaboração de ideias e na definição do patrimônio, processo e resultado da relação com o passado que conduz à atribuição de diferentes significados no presente.
A celebração como retorno, a restituição da ideia desprovida de sua condição original mas em nova roupagem, dentro de um fluxo temporal contemporâneo.
VALOR SOCIAL - A SAUDAÇÃO PRIMORDIAL
A saudação primordial como ato que abre para o conhecimento.
A identidade de um indivíduo se gera com base na relação com o próximo e a saudação representa a primeira conexão com o outro. A interação é imediata e deixa uma marca indelével.
Seu significado mudou ao longo do tempo perdendo importância e deixando a pessoa indefesa diante dos resíduos de um valor já desacreditado. As relações humanas são passageiras, a realidade é virtual, o diálogo é reduzido, o medo é o de desaparecer (afraid to disappear).
VALOR SOCIAL - A IDOLATRIA
Idolatria como prática de adoração. O ídolo venerado aparece material, personificado por representações solenes, carregadas de valor; o ídolo representa a perfeição, é celebração de beleza e potência. No processo de idolatria a evolução mais significativa se obtém através de um intenso apego à figura mitificada. Apenas o papel da ciência questiona seu valor social, provocando sua queda. O mito fascina, captura mas é só no final que se evidencia a necessidade de prolongar o ciclo de adoração através de uma nova modelagem.
VALOR ARTÍSTICO - O ATIVISMO
O Valor Artístico do objeto é calibrado sobre o ativismo, entendido como tendência a considerar proeminente o momento da ação sobre todos os outros aspectos de qualquer atividade. A se manifestar, através da celebração do saber, seja ele sátira ou denúncia, é a transformação da matéria que gera uma inversão de significado em que é a arte o meio de ação.
VALOR HISTÓRICO - O MURO DE BERLIM
O Muro de Berlim como sujeito e ponto de partida da coleção. O muro é “desmistificado”. Ao longo dos anos as tentativas de superá-lo e derrubá-lo resultaram vãs, deixando espaço para uma “barreira” arquitetônica de valor histórico e carga artística. O muro adquire uma valência simbólica feita de dualismo; sua identidade aparece mista: brutal e melancólica de um lado; enérgica, subversiva e instintiva do outro.
VALOR ARTÍSTICO - O CURADOR
Trazer à luz aquilo que em aparência não se vê, custodiar, revelar e cuidar para oferecer um potencial significado ao sujeito que readquire nova vida: é a ação que está na base do valor artístico garantido pela figura do curador. O tempo revela e desvenda cada coisa, é necessário salvaguardar e saber conservar, para depois retomar e trazer ao presente objetos caracterizados por uma nova modernidade e evolução do uso.
VALOR ESTÉTICO - O FEIO EXPRESSIVO
O feio como significado expressivo. Os cânones da cultura artística tradicional são destronados e o valor ligado ao não belo adquire novas conotações. O desafio que se coloca é aprender a ver sem preconceitos: a beleza na arte não é mais considerada prazer estético mas linguagem expressiva. A estética é agora concebida como fascínio do inconsciente, aquilo que aparece é a interioridade.
VALOR ESTÉTICO - A EVOLUÇÃO CRIATIVA
Cada coisa nasce, cresce, se transforma e se desenvolve. Parte-se do conceito evolucionista de estado primordial: as mensagens estéticas, como organismos, inicialmente são matéria bruta indefinida e imperceptível que posteriormente muda de aspecto. Tudo está em movimento, as formas se adaptam, lentamente se expandem; crescem, assumem concretude e semblantes novos. Os cânones de valor estético aparecem diferentes, são fruto de uma evolução criativa contínua.